17 de abril de 2009


O comércio varejista apresentou em fevereiro desempenho positivo pelo segundo mês seguido. Na avaliação de economistas, no entanto, a tendência é de redução do ritmo de crescimento ao longo de 2009. No segundo mês do ano, o volume de vendas do setor avançou 1,5%, em relação a janeiro, quando cresceu 1,8%, na série com ajuste sazonal.

Na comparação com fevereiro de 2008, houve expansão de 3,8%. Com o resultado, o comércio acumula alta de 4,9% no ano e de 8% nos últimos 12 meses, , segundo pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O que sustentou o desempenho do comércio no primeiro bimestre foi a massa salarial, que ainda não apresentou queda neste ano", comenta Thaís Marzola Zara, a economista da Rosenberg & Associados. Mesmo com a crise, a massa salarial no Brasil aumentou em fevereiro 6,2% em relação ao mesmo mês de 2008, segundo o IBGE

A manutenção do poder de compra e a inflação de alimentos favoreceram as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Com uma expansão acima da média, de 5,6% em fevereiro sobre igual mês do ano anterior, o segmento foi responsável pela principal contribuição (74%) da taxa global do varejo. No acumulado de 12 meses, o crescimento é de 5,2%.

Além da inflação e da renda, com a restrição de crédito, os consumidores reduziram gastos com bens duráveis, liberando o orçamento para compra de produtos básicos, acrescenta Luiz Góes, sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza. Após 65 meses de alta, móveis e eletrodomésticos apresentaram o seu primeiro resultado negativo, queda de 2,1% no volume de vendas em relação a fevereiro do ano passado. Nos 12 meses, entretanto, o segmento acumula crescimento de 12,4%. Para Góes, "aparentemente", o índices de produção industrial apontam para o início de uma reposição de estoques. No entanto, o ritmo é mais lento em setores como o de bens duráveis. "Em alimentos, está mais acentuado, já que o consumidor não está embarcando em parcelamentos de bens duráveis", diz.

A consultoria prevê crescimento de 3,9% do comércio varejista neste ano, puxado, principalmente, pelas vendas dos supermercados. A projeção representa uma forte desaceleração em comparação à taxa de 9,1% registrada em 2008. "Vamos ter outros patamares de crescimento, abaixo de 2007 e do ano passado", afirma o especialista, acrescentando que é preciso considerar que as bases de comparação para 2009 serão muito elevadas.

Thais, da Rosenberg, também projeta um cenário de desaceleração das vendas do varejo. Na sua avaliação, o comércio pode até encerrar 2009 com uma taxa inferior aos 4,9% acumulados no primeiro bimestre. "Deve haver uma piora na massa salarial e podemos até ver queda nas vendas na margem."

Para março, a expectativa é que o desempenho do comércio seja melhor, influenciado pelas vendas de veículos. Em fevereiro, o segmento de carros, motos e peças, beneficiado pela redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), avançou 4,6% em relação a janeiro e 0,1% sobre igual mês de 2008. No caso de material de construção, cujas vendas avançaram 3,8% sobre o mês anterior, mas recuaram 12,8% na relação a fevereiro de 2008, a desoneração pode ter impacto em abril.

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