6 de abril de 2009

Lula: encontro do G20 acelera retomada de Doha


O presidente Lula disse hoje (6) que, pela primeira vez, viu os países mais ricos do mundo empenhados em resolver a crise econômica mundial durante a reunião do G20, realizada semana passada em Londres.

Em seu programa semanal de rádio, Lula afirmou que os líderes das principais economias demonstraram interesse em retomar as negociações da rodada de Doha, com o objetivo de reduzir as barreiras comerciais em todo o mundo.

De acordo com o presidente, a retomada das discussões de Doha é um dos principais mecanismos para se enfrentar o cenário de turbulência econômica e financeira. “Os líderes políticos vão começar a discutir a rodada de Doha outra vez. Todo mundo percebeu que se nós chegarmos a um acordo na rodada de Doha, um acordo comercial, a gente vai possibilitar ajuda aos países mais pobres do mundo”, declarou.

Lula elogiou o esforço dos colegas do G20 para encontrar saídas contra a crise global. “Houve consenso, e, pela primeira vez desde que eu sou presidente, participo de uma reunião em que todos os presidentes demonstraram muita maturidade para lidar com o problema da crise”.

Segundo o presidente, a recuperação das principais economias do mundo é fundamental para que a economia dos demais países volte a crescer. ”A prioridade agora é estancar a crise. Estancando a crise você pode ter a possibilidade de fazer com que a economia dos países volte a crescer definitivamente.”

Leia a íntegra do Café com o Presidente:

Apresentador: Olá você em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá, presidente, como vai?

Tudo bem?

Presidente: Tudo bem, Luciano.

Apresentador: Presidente, os líderes das maiores economias do mundo se reuniram durante o G-20 para discutir saídas para a crise internacional. Que saídas são essas? Houve consenso para adotar medidas que atenuem os efeitos da crise no mundo?

Presidente: Houve consenso e pela primeira vez, desde que eu sou presidente da República, eu participo de uma reunião em que todos os presidentes demonstraram muita maturidade para lidar com o problema da crise. Teve uma hora em que eu disse que os países emergentes não estavam precisando apenas de ajuda dos países ricos. O que nós queríamos era que os países ricos resolvessem as suas próprias crises para que a gente pudesse voltar à normalidade. Porque este é o dado concreto, você tem uma crise americana de grande profundidade, você tem uma crise européia de grande profundidade, você tem uma crise asiática. E como estes países são os mais ricos, são os que têm mais crédito e são os maiores consumidores, na medida em que a economia deles pára, pára a economia mundial. Há uma vontade política. Há uma disposição extraordinária de todos em tentarem resolver este problema. Pela primeira vez eu vi os presidentes todos preocupados em encontrar uma saída. E o documento foi aprovado por consenso. E eu penso que foi um passo extremamente importante para que a gente possa começar, os países que estão em piores situações possam voltar a crescer em 2010. A prioridade agora é estancar a crise. Estancando a crise você pode ter a possibilidade de fazer com que a economia dos países volte a crescer definitivamente.

Apresentador: Presidente, qual a sua avaliação sobre o resultado desse encontro do G-20. Essas medidas vão realmente trazer resultados práticos, principalmente para os países mais atingidos pela crise?

Presidente: Eu acredito que sim. Primeiro porque nós tomamos uma decisão de fortalecer as instituições multilaterais de financiamento, tipo FMI [Fundo Monetário Internacional] e Banco Munidal para que estas instituições possam financiar os países emergentes, ou seja, os países mais pobres irão receber financiamento sem as condicionalidades que existiam na década de 80. Este é um passo extremamente importante. Todo mundo também está convencido de que o crédito precisa voltar a funcionar. Primeiro internamente em cada país e depois externamente, ou seja, o crédito para facilitar o fluxo da balança comercial dos países. Em terceiro lugar, todo mundo estava preocupado com o problema do desemprego, ou seja, todo mundo está entendendo que é preciso fazer com que a economia volte a gerar empregos. Daí porque o Brasil está totalmente correto quando nós tomamos medidas atincíclicas e fazemos investimentos no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Não vamos paralisar nenhuma obra, como já afirmamos no começo do ano. Anunciamos um programa habitacional, anunciamos um novo programa de redução de impostos para o carro, para a construção civil. Se todos os países fizerem isso nós temos uma grande possibilidade de ver o emprego voltar a acontecer na vida das pessoas. Uma coisa extremamente importante que aconteceu foi que se acertou que os líderes políticos vão começar a discutir a rodada de Doha outra vez, que tinha parado no final do ano passado. Porque todo mundo percebeu que se nós chegarmos a um acordo na rodada de Doha, um acordo comercial, a gente vai poder possibilitar uma ajuda muito grande aos países mais pobres do mundo.

Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Presidente, o senhor esteve em Doha, no Qtar, na abertura da segunda Cúpula América do Sul e países Árabes. Qual foi a importância desse encontro?

Presidente: Este tipo de reunião, Luciano, é muito importante porque primeiro é um estreitamento das relações entre esses dois blocos, dois continentes. Uma parte do Oriente Médio e uma parte da América Latina se reunindo. E isso foi importante porque, veja o que acontece quando você estabelece uma relação e começa a ter uma certa harmonia entre os estados e entre os chefes de estado: em 2004 nós tínhamos uma balança comercial com o mundo árabe de oito bilhões de dólares. Hoje são vinte bilhões de dólares só o Brasil. Se você pegar a América Latina, nós saímos de onze para quase trinta bilhões de dólares, numa demonstração de que estas reuniões terminam sendo muito produtivas para as relações comerciais entre os países, além da afinidade política que você vai criando entre os estados, entre os blocos. É muito importante. Em agosto nós vamos ter uma reunião entre os países africanos e os países da América do Sul, em Caracas, para que a gente também possa aproximar esse continente africano com o continente sul-americano e fazer com que o comércio flua com maior rapidez entre os dois blocos e isso faz com que todos nós nos tornemos menos dependentes dos blocos ricos, por isso eu fiquei muito satisfeito com a presença dos principais líderes dos países árabes, dos principais líderes da América do Sul. Foi um sinal extremamente importante de que nós estamos criando maturidade política para ampliar as relações comerciais, as relações políticas e as relações culturais da América do Sul, do Brasil, da América Latina com outros continentes.

Apresentador: Muito obrigado presidente Lula. Até a próxima semana.

Presidente: Obrigado, você, Luciano, e até a próxima semana.

Apresentador: O Programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.

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