13 de janeiro de 2009

O Brasil começa a entrar na rota dos turistas da saúde


O turismo médico é uma realidade cada vez mais presente nos países emergentes, principalmente na Índia, Tailândia e Cingapura, locais que receberam cerca de um milhão de pessoas em busca de tratamentos médicos em 2007, segundo dados da Câmara Britânica de Comércio.

Esse segmento cresce impulsionado por alguns fatores: em países com sistema público de saúde, a demora na realização de procedimentos faz com que pacientes com mais poder aquisitivo procurem alternativas para receber tratamento. Nos países em que o sistema de saúde é predominantemente privado, seguradoras, operadoras e pacientes que não possuem assistência médica recorrem ao turismo de saúde como uma alternativa para baratear os custos do tratamento.

Para ser um destino de viagens médicas, o país deve atender a alguns pré-requisitos, tais como: fluência em línguas estrangeiras por parte dos profissionais envolvidos no processo; qualificação internacional do corpo clínico; certificação internacional do serviço de saúde; facilidade de pagamento, comunicação, atualização tecnológica de equipamentos, materiais, medicamentos e instalações no nível que os viajantes têm em seus países; chegada ao destino dos procedimentos, conforto para o paciente e sua família durante a estada e recuperação.

Os países que são destinos turísticos de saúde também têm criado incentivos tanto para facilitar a vinda dos pacientes como para os hospitais melhorarem seu padrão de atendimento. A Índia, por exemplo, permite a importação de equipamentos médicos de última geração sem barreiras burocráticas e criou um visto especial com permanência de um ano para os turistas-pacientes.

No Brasil, o turismo de saúde ainda é um segmento incipiente. Segundo dados do Ministério do Turismo, nos últimos três anos, 180 mil pacientes vieram realizar tratamentos médicos no País.

É um número modesto para um destino que possui belas paisagens naturais e é referência em diversos segmentos da medicina, como cardiologia e medicina estética.

Contudo, essa movimentação global em busca de saúde não tem passado despercebida pelas instituições ligadas ao segmento. Já existem no Brasil algumas agências de turismo especializadas em saúde, muitas trabalhando, inclusive, em parceria com os principais hospitais do País, que também estão se organizando no sentido de trazer mais pacientes do exterior para cá.

Os números justificam essa mudança: segundo dados de 2003 do Ministério do Turismo, o turista de saúde é quem, em média, fica mais tempo no País (22 dias) e mais gasta (US$ 120 por dia).

Dentro desse panorama, a aprovação pelo Centers Of Medicare and Medicaid (CMS) da certificação hospitalar National Integrated Accreditation For Healthcare Organizations (NIAHO), que recentemente chegou ao Brasil, oferece aos hospitais uma oportunidade única para terem acesso ao sistema de saúde norte-americano.

Com a alteração na Lei Pública Norte Americana n 110-275 em Julho de 2008, a NIAHO passa a ser a única acreditação hospitalar autorizada pelo CMS nos EUA, o que significa que apenas os hospitais que possuem o certificado já atendem a uma significativa parte das Condições de Participação (CoP) do Centers of Medicare and Medicaids.

Com mais essa alternativa de acreditação no País, deve crescer o número de hospitais com reconhecimento internacional, atraindo ainda mais turistas para o Brasil. Cerca de 50 hospitais no Brasil estão prontos para se candidatar à nova acreditação.

Além da iniciativa privada, o setor público também está atento à movimentação de turistas que buscam tratamentos médicos no País. Órgãos de promoção como a Embratur e a São Paulo Turismo têm investido tanto na promoção lá fora quanto na recepção aos pacientes que chegam às nossas cidades.

Somados todos os esforços, as expectativas para o setor no País são excelentes. E o retorno em geração de emprego e renda obtidos são uma alternativa que fortalecem ainda mais os setores médico e turístico nacionais, revertendo-se em benefícios para toda a população do País.

kicker: Nos últimos três anos, 180 mil pacientes vieram ao País em busca de tratamento

OTÍLIO FERREIRA FILHO* - Diretor comercial da Det Norske Veritas (DNV) Healthcare no Brasil )

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