11 de setembro de 2008

Inestimento puxa a alta de 6,1 do PIB


O bom desempenho da economia no segundo trimestre de 2008 animou o governo, que já reviu para mais de 5% a projeção de crescimento neste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter uma expansão entre 5% e 5,5% em relação a 2007. “O resultado do PIB no segundo trimestre está um pouco mais forte, talvez tenhamos um crescimento neste ano parecido com o do ano passado, que foi de 5,4%”, estimou.

No ranking de crescimento dos países emergentes mostrado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o Brasil alcançou o oitavo melhor resultado na lista liderada por China, Peru e Índia, no período.

Mantega avaliou que os números atuais da economia ainda não espelham o aperto monetário iniciado pelo Banco Central (BC) em abril. Para ele, o desempenho de abril a junho foi diretamente influenciado pelo impulso do investimento em meses anteriores. “Essa elevação (dos juros) demora para fazer efeito. O reflexo vem em seis a oito meses”, afirmou. O ministro previu que os novos investimentos levarão em conta o novo patamar de juros o que provocará um arrefecimento do crescimento.

Apesar disso, o governo continua trabalhando com uma previsão de expansão da economia de 4,5% no próximo ano. “Tem um efeito de arrasto (do PIB de 2008) para 2009 que ajuda, certamente, alcançarmos 4,5% em 2009”, afirmou Paulo Bernardo. Para Mantega, o crescimento do próximo ano será menor em função da redução do crédito no Brasil e no mundo, do aumento das taxas de risco e do custo de capital, além da elevação da taxa básica de juros.

Mantega disse que o crescimento econômico no segundo trimestre tem uma qualidade melhor do que em outros períodos porque vem acompanhado da desaceleração da inflação. Segundo o ministro, o crescimento sustentável não é o maior possível. “É aquele que não gera inflação ou pontos de estrangulamento.”

Na avaliação da área econômica, o aspecto mais positivo do resultado foi a expansão dos investimentos acima do crescimento da economia e do consumo das famílias. “Isso significa que a demanda está crescendo, mas que também está tendo aumento de oferta”, explicou Mantega. Para ele, o esforço fiscal do governo desacelerou os gastos do setor público, o que reduziu o consumo. “Isso era previsto. Mas teremos um excelente Natal para as famílias”, previu, mesmo com a demanda menor.

Paulo Bernardo afirmou que a expansão dos investimentos neste ano será de no mínimo 15% em relação a 2007. “Temos chance de acabar andando este ano um bom pedaço da nossa meta de chegar (a taxa de investimentos) a 21% do PIB em 2010”, afirmou.

Em 2007, os investimentos representaram 18% do PIB. Bernardo lembrou que, apesar do aumento do consumo, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria tem ficado próximo dos atuais 85% nos últimos três anos, o que demonstra que o parque fabril está ampliando sua capacidade de produção.

ESTOQUES

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, avalia que o crescimento dos estoques, mostrado nos dados PIB, é um sinal de desaceleração no crescimento econômico. Segundo ele, os estoques subiram de 1,5% do PIB para 2,3%, na comparação do segundo trimestre com igual período de 2007. “A formação de estoques é um sinal de acomodação do crescimento em um patamar mais elevado. Quando a economia acelera, a tendência dos estoques é de queda”, afirmou.

Em relação ao consumo das famílias, Barbosa reconheceu que o ritmo de 6,7% no segundo trimestre, ante mesmo período de 2007, é elevado, mas ele acredita que haverá uma desaceleração que fará o indicador fechar o ano com alta de 6% a 6,5% e, em 2009, com elevação de 5,5% a 6%.

No resultado do segundo trimestre, o economista destacou o desempenho da agricultura e também do setor externo que, revertendo o que foi visto nos últimos trimestres, deu contribuição positiva ao PIB. Segundo ele, o melhor desempenho do setor externo reflete o aumento das exportações, que responderiam ao fim da greve na Receita Federal.

Barbosa também destacou a aceleração da Formação Bruta de Capital Fixo e disse que a desaceleração verificada na indústria reflete a valorização do real, que teve impacto favorável nas importações.(O Estado de S. Paulo)

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