6 de agosto de 2008

Xuxu corrupto


De posse da informação de que o Brasil está na lista de países onde a Siemens teria pago propina em troca de contratos públicos entre 2000 e 2006, a bancada do PT da Assembléia paulista pediu ontem ao Ministério Público que investigue os negócios da multinacional com o governo do Estado, sob comando dos tucanos no período.

Segundo os deputados estaduais petistas, só na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), hoje candidato à prefeitura da capital, foram fechados 44 acordos com a empresa, num total de R$ 1,04 bilhão. Alguns deles são em consórcio com a Alstom, suspeita de pagar propina a tucanos, também em troca de contratos.

No caso da Siemens, as autoridades da Alemanha, onde funciona a sede da multinacional, não estabeleceram até agora conexão com o governo paulista. Mas a oposição diz que, como a empresa tem parcerias com a Alstom no Estado, pode ter usado o mesmo esquema.

Um dos contratos da Siemens, firmado em 2002 com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) a um valor de R$ 55,4 milhões, foi considerado irregular pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). "As autoridades têm de descobrir se o que motivou o Executivo a cometer irregularidades foi o pagamento de propina", afirmou o líder da bancada petista, Roberto Felício.

Ele nega motivação política na iniciativa -Alckmin disputa o primeiro lugar nas pesquisas com Marta Suplicy (PT) na sucessão paulistana. "Não estamos pedindo investigação sobre o candidato, e sim sobre o ex-governador", disse Felício.

O esquema da Siemens foi revelado por uma série de reportagens do diário americano "The Wall Street Journal", reproduzidas pelo jornal "Valor Econômico". A própria empresa detectou sérias irregularidades em sua contabilidade.
Além das representações encaminhadas aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, que incluem contratos da empresa com o governo paulista de 1990 até este ano, o PT iniciou a coleta de assinaturas para criar a CPI da Siemens.

As chances de a investigação parlamentar sair do papel, no entanto, são remotas, já que o governador José Serra (PSDB) tem ampla maioria na Assembléia e costuma barrar, via líderes, os pedidos de apuração que têm tucanos como alvo.

"Fica fácil para o Alckmin dizer que não tem ficha suja, já que nunca deixou que apurassem nada contra ele", afirmou o deputado estadual Ênio Tatto, lembrando que o ex-governador também barrava todas as investigações que poderiam incomodá-lo na Assembléia.
 

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