20 de agosto de 2008

Sorria, a fauna carioca voltou à TV


No primeiro dia propaganda eleitoral gratuita para vereador na TV aberta, os partidos concederam maior espaço aos seus puxadores de voto, como Cristiane Brasil (PTB), Alfredo Sirkis (PV) e a ex-nadadora Patrícia Amorim (PSDB). Mas teve de tudo na telinha: super-herói, ex-craque, funkeira, botafoguense, um tal de Professor Uóston, outro chamado Abracadabra e, é claro, alguns acusados de apoiar milícias.

Escolha entre super-herói, ex-craque, funkeira, botafoguense, 007, acusado de apoiar milícia...

Marcelo Migliaccio
Demorou, mas desde ontem ­ quatro anos depois da última aparição ­ a mais completa tradução do povo carioca está novamente em cartaz na televisão. Com o início da propaganda eleitoral gratuita para vereador na TV aberta, o Rio voltou a mostrar todas as suas faces ao eleitor que precisa escolher um candidato para representá-lo na Câmara Municipal. A tarefa não será fácil, porém pode ser prazerosa para os que têm algum senso de humor e gostam de apreciar a infinita diversidade humana.

O cartão de visita na edição das 13h foi emblemático: com um megafone na mão, José Everaldo (PMN) mostrou que, como cantor, será um péssimo vereador. Pelo menos não arriscou um funk, ou deixaria descontrolada a mãe loura Verônica Costa, que apareceu logo em seguida com uma promessa prosaica: evitar o roubo dos radares do trânsito! Pancadão mais forte só o de seu correligionário S. Ferraz, que procedeu a rima óbvia "não promete, faz".

Os caciques da cidade marcaram presença. Cesar Maia emergiu de seus e-mails conclamando entusiasticamente o eleitor a votar nos candidatos do DEM. Garotinho conduziu ao altar televisivo a filha Clarissa. Francisco Dornelles explicou didaticamente o que é voto na legenda, no seu caso a do PP ­- mas talvez fosse prudente ter dito que não se referia à legenda para deficientes auditivos que aparecia no vídeo por determinação do TSE. Heloísa Helena exortou o telespectador a votar no PSOL, e Benedita da Silva, eleita vereadora com o slogan "mulher, negra e favelada" em 1982, deu uma força para os aspirantes petistas.

Malandro foi o candidato do PCdoB Capelli, que driblou a decisão do presidente da República de entrar com parcimônia na campanha para não desagradar aliados e apareceu ao lado de uma animação com o rosto do campeão de popularidade do momento. Adilson Pires preferiu mostrar uma velha foto em que aparece ao lado de Lula, com quem disse ter construído o PT desde que ambos tinham "cabelo preto".


Puxadores de voto
Nesse primeiro dia, os partidos concederam maior espaço aos nomes que consideram mais fortes. A eles, foram concedidas imagens gravadas em externas e tempos maiores do que os 5 ou 10 segundos distribuídos entre os pouco ou nada conhecidos. Assim, deitaram e rolaram Cristiane Brasil (PTB), Alfredo Sirkis (PV) e a ex-nadadora Patrícia Amorim (PSDB), que soltou uma pérola olímpica: "Menos de 10% da equipe brasileira que está em Pequim são atletas cariocas". E daí?, deve ter perguntado o eleitor que mofa nas filas dos hospitais.


Paixão nacional
Como não poderia deixar de ser, o futebol marcou presença. Além do ex-craque Jairzinho, que não conseguiu ser técnico mas sonha ser legislador, muitos evocaram o esporte que mais apaixona os cariocas. De camisa do Botafogo, Aníbal do Engenho disse que ninguém tira seu time do estádio Engenhão. Também alvinegro, Israel Atleta fez uma paródia da música cantada pela torcida. Pinheiro, segurança do Flamengo, apelou para o "raça, amor e paixão". E "chega de gol contra", bradou um Zico que não é aquele famoso.

Em matéria de figurino, destacou-se Andrea Castrinho, que exibia um chamativo babado à Luiz XVI. Seu projeto seria evitar a queda da Bastilha?

Se a próxima bancada da Câ- mara tiver tanta imaginação para bolar projetos como tem para conceber slogans, o Rio está perdido: "Gente educando gente", pontuou Ieda Aguiar (PSB). "O sorriso do Rio é lindo", emendou Nilo Almeida (PRB). "Juntos, amarrados e misturados", fechou o caixão Jorge Mano (DEM).


Super-herói
Depois de alguns segundos de slide porque algum partido esqueceu de mandar a fita, o programa voltou com um certo capitão Rezende (PSDC) dizendo que a cidade precisa de um super-herói. Modesto ele... Mas, quando surgiram no vídeo Elton Babú, Brazão e Deco, acusados pela Polícia Civil e pela CPI da Assembléia Legislativa de gozarem de intimidade com milícias, o telespectador pode até ter dado razão ao amigo do Batman e do Super-Homem. Ou então decidido optar por Guilherme Nascimento, que aproveitou os últimos algarismos de seu número para apresentar-se como o "007".

A meia hora mais hilária da TV também jogou luz sobre postulantes como o Professor Uóston, Abracadabra, e Daniel De Plá, que disse que o Rio precisa ficar bem na foto. Mas já está valendo merchandising no horário gratuito?
 

Blog Da Kika Copyright © 2011 -- Template created by Kika Martins -- Powered by Blogger