6 de agosto de 2008

Crédito da poupança para imóveis cresce 86% no primeiro semestre


Balanço do setor indica que foram aplicados R$ 12,932 bilhões, com o financiamento de 128.439 unidades

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou ontem um balanço que mostra um expressivo crescimento da aplicação dos recursos da poupança no financiamento habitacional em relação ao ano passado. No primeiro semestre de 2008, foram aplicados R$ 12,932 bilhões - 86,66% a mais que em 2007, ano em que o ritmo já foi acelerado e fechou com crescimento de 96%. Ao todo, 128.439 unidades foram financiadas na primeira metade deste ano, alta de 58,9%. A poupança é a principal fonte de recursos do crédito imobiliário, com 70% do total de aplicação, ante cerca de 30% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Somente em junho, o valor contratado de R$ 3,197 bilhões foi 130,36% maior que o mesmo mês do ano passado. Na comparação com maio, o crescimento foi de 41,35%. Em número de unidades financiadas, junho alcançou a marca de 32.555 - 96,06% acima de junho de 2007 e 48% a mais do que as unidades de maio deste ano. “É um mês especial em que aplicamos mais do que o ano inteiro de 2004”, ressaltou o presidente da entidade, Luiz Antonio França.

O valor médio dos imóveis financiados com recursos da poupança foi de R$ 147,798 mil no primeiro semestre, com cota média de financiamento de 58,84%. “As pessoas estão comprando imóveis com valor maior e utilizando mais o financiamento”, disse França. No ano passado, o valor médio era de R$ 131,110 mil e a parcela média de financiamento, de 56,38%. Em 2006, o porcentual era de 53,20%, em 2005, de 47,76% e, em 2004, de 46,75%.

ESPAÇO

O ritmo segue tão forte que o executivo se sentiu seguro em afirmar que, se o cenário não mudar, o País verá superada a marca histórica registrada em 1981, em que 277 mil unidades foram financiadas com recursos da poupança. Naquele ano, a população brasileira era de 119 milhões de habitantes, número que cresceu 55%, para os 184 milhões de habitantes, conforme o censo de 2007. “Teríamos 415 mil unidades financiadas se o crédito tivesse crescido na mesma proporção. E 415 mil é pouco perto do que o País vai ver no futuro”, disse.

Para França, o espaço para o crescimento está no fato de que o crédito imobiliário no Brasil corresponde a apenas 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), fora do padrão de outros países. No Chile, por exemplo, a proporção é de 15% e nos países desenvolvidos, em média, supera 60%. Para o executivo, à medida que o País cresce, a tendência é a fatia crescer também.

O paradoxo, no entanto, é que se o mercado imobiliário seguir as projeções otimistas do setor, a fonte, um dia, deverá secar. “Vai chegar o momento em que os recursos da caderneta de poupança não serão suficientes para o crédito imobiliário. Vamos ter de encontrar outras alternativas.” O esgotamento, segundo ele, está próximo. “Esse bolsão deve ter uma duração de pouco mais de dois anos.”

Na opinião dos empreendedores do setor, este não é um problema alarmante e, sim, próprio do crescimento. A alternativa estaria no mercado secundário. Segundo João Crestana, presidente do Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis (Secovi), a estrutura legal para que esse mercado funcione já existe, mas ainda falta aperfeiçoamento. “Ainda não há grande volume porque alguns instrumentos precisam ser aperfeiçoados, como permitir que investidor privado individual aplique nos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários)”, afirma. Hoje, o valor mínimo de investimento é de R$ 300 mil.


 

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