4 de julho de 2008

Agricultura familiar contra a inflação


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a liberação de R$ 13 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar em uma tentativa de dar uma resposta ao avanço da inflação, puxada pelo aumento dos preços de alimentos em todo o país. Do montante anunciado, R$ 6 bilhões serão destinados ao subsídio da aquisição de maquinário agrícola e insumos na safra 2008-2009. Até 2010, o governo deve disponibilizar R$ 25 bilhões em financiamentos para pequenos produtores na aquisição de máquinas, com descontos entre 11% e 17,5% no valor de compra dos equipamentos.

O agricultor Fernando Kubota, de Brazilândia (DF), foi o primeiro a receber recursos da linha de financiamento. A investida do governo pretende aumentar em 18 milhões de toneladas a produção de alimentos por propriedades agrícolas familiares até 2011 e, com isso, elevar a oferta de forma a manter sob controle os preços de gêneros alimentícios – assunto em foco na agenda do governo.

Lula, que na quarta-feira havia liberado outros R$ 65 bilhões para o setor agrícola, reclamou da falta de produtividade das terras dadas a agricultores assentados e culpou a falta de acesso desses produtores a incentivos e maquinário agrícola. Mesmo admitindo preocupação com a alta dos preços de alimentos durante a solenidade de lançamento do Plano Safra o presidente adotou um discurso tranquilizador.

– Não há nenhum motivo para a gente perder meia hora de sono com a inflação, o que nós precisamos é estar alertas para não permitir que ela não saia, efetivamente, de controle – reforçou Lula. – Nós temos que dizer ao mundo que a inflação de alimentos será combatida produzindo mais alimentos porque a China, Índia e outros países vão comer mais. Aqui no Brasil, o povo pobre está comendo mais e como isso está acontecendo, nós vamos ter que aumentar a produção de alimentos.

Biocombustíveis

O presidente manteve a defesa da produção de biocombustíveis, apontada por países produtores de petróleo como responsável pela diminuição da área de plantio de alimentos e, em conseqüência, da alta de preços dos gêneros alimentícios em todo o mundo, e falou sobre o peso da alta do preço do barril de petróleo nos custos de produção de alimentos.

– A verdade é que nós temos hoje, no mercado futuro, especulando com o petróleo, a mesma quantidade de barris de petróleo que a China consome – acusou Lula. – A especulação é possivelmente causada pelos fundos de pensão que quebraram a cara no subprime, na crise imobiliária americana, e que agora estão querendo uma coisa mais certa, que é o petróleo. Essa é uma coisa que ainda está em debate internacional.

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