23 de maio de 2008

Ministro bravo


Na última quarta-feira, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, interrompeu a viagem oficial que fazia a Genebra, na Suíça. Ao saber da decisão do Senado de liberar a venda de bebidas alcoólicas nas áreas rurais de estradas federais, o ministro, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que as mudanças feitas pelos senadores na medida provisória desfiguram a proposta apresentada governo.

– São um grande retrocesso na luta pela redução da violência e das mortes no trânsito – disse

A preocupação do governo com o binômio álcool-direção baseia-se em número estarrecedores. O Brasil gasta mais de R$ 33 bilhões anuais com problemas decorrentes do álcool. Somam-se aí as despesas com acidentes rodoviários e assistência às vítimas, além dos custos do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento direto a pacientes de alcoolismo. Segundo o governo federal, faltam dados mais precisos sobre casos que chegam às áreas de cardiologia e neurologia nos hospitais públicos. Mas as autoridades ligadas à área de trânsito garantem: 80% dos acidentes registrados no país têm alguma relação com a bebida.

Temporão revelou, ainda, esperar que os deputados corrijam as alterações quando o texto voltar à Câmara. Mas foram os próprios deputados, porém, que fizeram a primeira flexibilização do texto da MP. No final de abril, eles liberaram a venda de bebida alcoólica nos trechos urbanos das rodovias federais.

Divisão

Na Câmara, os deputados estão divididos sobre a mudança aprovada pelo Senado. Para o líder do PSDB, José Aníbal (SP), a mudança feita pelo Senado fragilizou o alcance da MP. Em sua opinião, o mais apropriado seria manter o texto da Câmara, que liberou a venda apenas em zonas urbanas.

– Infelizmente eles (senadores) desvirtuaram a medida provisória, que perde força na tentativa de limitar o consumo de álcool. Por mim, votaríamos a mesma redação que saiu daqui – disse.

O líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), concorda que o texto da Câmara era melhor, mas lembra que o principal foi a medida ter dado mais rigor as penas para motoristas que forem flagrados dirigindo embriagados.

– Na minha opinião o texto melhor era o da Câmara, de qualquer forma as mudanças sobre as penas para quem dirigir embriagado foram mantidas – acrescentou.

Já o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), que concorda, em parte, com as mudanças feitas pelo Senado, critica o fato de o governo ter enviado uma medida provisória para o assunto.

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