Menino levou 30 choques; 2 no coração
O garoto Carlos Rodrigues Júnior, 15, morto após ser abordado por policiais militares em sua casa, por suspeita de roubar uma moto, recebeu 30 choques elétricos pelo corpo. Dois deles foram do lado esquerdo do peito e atingiram o coração do jovem, provocando uma parada cardiorrespiratória.
A informação é do laudo necroscópico divulgado ontem pelo IML (Instituto Médico Legal) de Bauru (SP), onde o adolescente morreu.
Um fio que poderia ter provocado os choques foi apreendido com um dos seis policiais presos após a morte do menino. Segundo o diretor do IML da cidade, Ivan Edson Rodrigues Segura, o material pode ser compatível com as lesões.
"Se você pega um fio e coloca em uma tomada, ele pode dar choque. As lesões podem ser provocadas por um fio", disse.
Dez das marcas dos choques estão na cabeça -em áreas como pálpebras, orelhas e face. Quatro no tórax e duas no saco escrotal. As outras estavam em áreas como mãos, costas e pé.
O jovem, segundo a polícia, não tinha histórico criminal.
"Houve duas lesões de corrente elétrica na região mamária esquerda. Essas duas correntes induziram a um trajeto pelo coração, levando a uma arritmia cardíaca e à morte."
Segura não soube precisar se o garoto tinha alguma doença ou estava debilitado antes das agressões. Além dos 30 choques, o menino tinha seis marcas pelo corpo, que podem ter sido causadas por objetos ou por socos e pontapés.
PMs torturaram
O delegado seccional de Bauru, Doniseti José Pinezi, disse não ter dúvidas de que os PMs presos torturaram o garoto de 15 anos.
Foi instaurado inquérito na Polícia Civil para saber qual a participação de cada um deles no crime. Os policiais negam as acusações.
"Podemos afirmar categoricamente que houve tortura", afirmou. "O inquérito vai tramitar pela delegacia seccional de Bauru para apurar eventual delito de homicídio qualificado, abuso de autoridade e tortura seguida de morte."
O roubo da moto que originou a ocorrência, bem como a origem dos 330 gramas de maconha encontradas na casa de Carlos Rodrigues Júnior, serão investigados pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Pinezi, o dono da moto reconheceu o menino como sendo o ladrão. Esse reconhecimento foi feito, segundo a defesa dos PMs acusados, no velório do rapaz.
O advogado André Luiz Gonçalves Veloso, que acompanhou o depoimento da mãe e da irmã do menino na Polícia Civil, disse que ainda é cedo para saber se a família irá processar o Estado pela morte do garoto.
O tenente Roger Marcel Soares de Souza, o cabo Gerson Gonzaga da Silva, e os soldados Emerson Ferreira, Ricardo Ottaviani, Mauricio Augusto Delasta e Juliano Arcângelo, que participaram da operação que resultou na morte de Carlos Rodrigues Júnior, continuam presos em São Paulo.
Após o crime, moradores chegaram a fazer um protesto no bairro. Eles queimaram pneus e quebraram orelhões. Na folha para seus assinantes
O garoto Carlos Rodrigues Júnior, 15, morto após ser abordado por policiais militares em sua casa, por suspeita de roubar uma moto, recebeu 30 choques elétricos pelo corpo. Dois deles foram do lado esquerdo do peito e atingiram o coração do jovem, provocando uma parada cardiorrespiratória.
A informação é do laudo necroscópico divulgado ontem pelo IML (Instituto Médico Legal) de Bauru (SP), onde o adolescente morreu.
Um fio que poderia ter provocado os choques foi apreendido com um dos seis policiais presos após a morte do menino. Segundo o diretor do IML da cidade, Ivan Edson Rodrigues Segura, o material pode ser compatível com as lesões.
"Se você pega um fio e coloca em uma tomada, ele pode dar choque. As lesões podem ser provocadas por um fio", disse.
Dez das marcas dos choques estão na cabeça -em áreas como pálpebras, orelhas e face. Quatro no tórax e duas no saco escrotal. As outras estavam em áreas como mãos, costas e pé.
O jovem, segundo a polícia, não tinha histórico criminal.
"Houve duas lesões de corrente elétrica na região mamária esquerda. Essas duas correntes induziram a um trajeto pelo coração, levando a uma arritmia cardíaca e à morte."
Segura não soube precisar se o garoto tinha alguma doença ou estava debilitado antes das agressões. Além dos 30 choques, o menino tinha seis marcas pelo corpo, que podem ter sido causadas por objetos ou por socos e pontapés.
PMs torturaram
O delegado seccional de Bauru, Doniseti José Pinezi, disse não ter dúvidas de que os PMs presos torturaram o garoto de 15 anos.
Foi instaurado inquérito na Polícia Civil para saber qual a participação de cada um deles no crime. Os policiais negam as acusações.
"Podemos afirmar categoricamente que houve tortura", afirmou. "O inquérito vai tramitar pela delegacia seccional de Bauru para apurar eventual delito de homicídio qualificado, abuso de autoridade e tortura seguida de morte."
O roubo da moto que originou a ocorrência, bem como a origem dos 330 gramas de maconha encontradas na casa de Carlos Rodrigues Júnior, serão investigados pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Pinezi, o dono da moto reconheceu o menino como sendo o ladrão. Esse reconhecimento foi feito, segundo a defesa dos PMs acusados, no velório do rapaz.
O advogado André Luiz Gonçalves Veloso, que acompanhou o depoimento da mãe e da irmã do menino na Polícia Civil, disse que ainda é cedo para saber se a família irá processar o Estado pela morte do garoto.
O tenente Roger Marcel Soares de Souza, o cabo Gerson Gonzaga da Silva, e os soldados Emerson Ferreira, Ricardo Ottaviani, Mauricio Augusto Delasta e Juliano Arcângelo, que participaram da operação que resultou na morte de Carlos Rodrigues Júnior, continuam presos em São Paulo.
Após o crime, moradores chegaram a fazer um protesto no bairro. Eles queimaram pneus e quebraram orelhões. Na folha para seus assinantes
Serra não comenta laudo que compromete policiais militares
O governador José Serra (PSDB) não quis comentar ontem o laudo do IML que apontou que o garoto Carlos Rodrigues Júnior recebeu choques após ser abordado por PMs.
Durante entrega de trens pela manhã, no Brás, evitou falar sobre outros temas alheios ao evento. Parou a entrevista logo à primeira tentativa, quando questionado sobre a CPMF.
Fez uma exceção, porém, para elogiar a contratação do técnico Vanderlei Luxemburgo, pelo Palmeiras.
À tarde, a Folha encaminhou um pedido de entrevista por meio da sua assessoria. A resposta foi a tarefa caberia ao secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão.
O secretário também não falou. Limitou-se a enviar a reprodução de um comentário feito em Sorocaba. "A posição da Secretaria está expressa desde o primeiro momento. Assim que o Comando da PM soube do fato, prendeu em flagrante todos os envolvidos, sob a acusação de homicídio. O bom policial tem toda a proteção do Estado. Aos que têm desvio de conduta, aplicam-se os rigores da lei."